Arqueologia da Alma

Do Percurso Profissional...

O meu percurso profissional teve início no Centro Nacional de Cultura, seguido de uma curta passagem pela Aviação Comercial, como Assistente de Bordo, e culminou com dez anos ao serviço de uma conceituada multinacional, integrando o Departamento de Recursos Humanos.

Foram tempos de outras aprendizagens, decerto muito úteis, para a minha formação como ser humano, porém, nada disso me preencheria tanto, quanto o momento em que decidi em consciência (embora de início algo apreensiva), facilitar consultas de Tarot e de Numerologia.

Através destas consultas pude constatar que a ajuda que sempre quisera prestar aos outros, estava mesmo ali à minha frente. Esta seria a forma de chegar a outras pessoas, que tal como eu, buscavam formas de compreender o significado subjacente dos acontecimentos nas suas vidas.

Embora essa busca nem sempre seja totalmente evidente, pois muitas vezes agimos inconscientemente, sem sabermos muito bem porque seguimos numa ou noutra direcção, ela acaba por nos conduzir a um outro mundo (invisível para um grande número de pessoas) - o mundo interior, o mundo do ser interior, o mundo onde apenas mergulham os sedentos de justiça, os buscadores da verdade, os defensores da paz, os zeladores dos Portões do Conhecimento.

Nas minhas consultas, aposto muitas vezes na interdisciplinaridade dos diversos ramos de conhecimento que estudo e aplico na minha vida, para ajudar aqueles que se propõem a ajudar-se a si mesmos.

Usando o conhecimento e a sabedoria contida nos Números, no Tarot e nos Oráculos, no Ritmo do meu próprio Coração, no Toque Sagrado do Tambor, na Cura, na Palavra, no Som, na minha Canção, na minha Magia... ajudo aqueles que querem dar uma oportunidade a si mesmos de reencontrar o Sentido da Vida. Faço-o, porque o fiz comigo em primeiro lugar, porque me dei a oportunidade - de Ser (n')o Caminho.

A Vida é Mestra! Mas só é Vida quando se é Amor. E o Amor é o ingrediente secreto que tudo envolve e tudo cura.

à Arqueologia da Alma...

Quando era jovem, sonhava em seguir uma carreira através da Arqueologia, mas o sonho foi morto à nascença, e hoje, olhando para trás, compreendo que não lutei o suficiente pelo que queria. 

Aceitei esse facto e fiz as pazes comigo mesma, por não ter tido força e coragem para quebrar os meus receios da altura. 

Entretanto, um dia, sem querer, percebi que ao longo da minha vida fui aprendendo a escavar a minha própria existência, a minha psique, as minhas emoções, os meus estados de espírito, os meus dons, os meus limites, a minha sombra. 

Na maioria das vezes fi-lo sem a ajuda de ninguém, noutros momentos aceitei ou procurei ajuda para tentar compreender melhor quem sou, o que sou. 

Mais tarde a revelação interior acabou por se manifestar e compreendi que também era isso que fazia nas consultas: escavo, e ajudo a quem me procura, a escavar a sua alma, a retirar pedra sob pedra, a afastar o pó que envolve cada parte esquecida, endurecida e que se encontra soterrada, sob milhares de pequenos grãos de areia. Ajudo-a a percorrer as suas galerias subterrâneas e a reacender o facho da Vida; ajudo-a a encontrar passagens secretas e sou aquela que segura no fio de Ariadne para que ninguém se perca no emaranhado de tais descobertas.

Cuidadosamente vamos soltando, aos poucos, esses cacos, com os quais haveremos de reconstruir e preencher os pedaços da nossa alma, que se  encontravam danificados, partidos ou desconjuntados.

Muitos também questionam quem é a deusa a que sirvo, e aqui também levanto um pouco o véu. 

A Deusa é a Mãe do Mundo, a que tem muitos nomes: Gaia, Inanna, Ishtar, Isis, Mãe Terra, Pachamama...  Deusa: a sustentadora do equilíbrio entre as forças visíveis e invisíveis.

E assim, escavando desde a superfície, dirigimo-nos ao mais essencial em nós, ao nosso centro, onde podemos resgatar  o equilíbrio interior, harmonizando o mundano e o espiritual - as forças contrárias, que aparentemente nos desorganizam, porque um dia assim nos fizeram crer.

ao Serviço da Deusa

Desde pequena que o meu coração e a minha alma inteira vibravam, sempre que os assuntos eram considerados ocultos ou místicos.

À medida que fui crescendo em idade e maturidade, fui despertando para um conhecimento interior que não sabia de onde vinha, apenas brotava à superfície sempre que era necessário, como uma fonte cristalina que tira a sede aos viajantes ao longo das suas jornadas.

Uma água que lhes refresca a mente, lhes purifica a alma e lhes lava o corpo. Uma água bendita!

Foi dessa forma que o meu percurso interior se foi desenhando lenta mas profundamente, que foi crescendo em mim, como um embrião que vai ganhando forma, até que um dia seja expelido do ventre que o gerou.

Certo dia, o chamamento da Deusa ecoou como um trovão arrebatando todo o meu ser, manifestando-se na forma de um agridoce despertar, provocado por uma intensa busca de mim mesma... o meu bebé havia nascido para se manifestar no mundo da matéria de modo a cumprir a sua tarefa com confiança e coragem, honrando cada passo no caminho.

Como qualquer mãe inexperiente, que passa a ser uma cuidadora a tempo inteiro, surgiram dúvidas e inquietações e assim, esse momento marcou o início de uma etapa de aprofundamento e de consciencialização da importância de aprender a amar-me sem obstáculos, sem medos e sem hesitações.

Que longo caminho me aguardava! Tropecei e caí, mas logo me levantava, pois não sou mulher de ficar prostrada. E por tudo o que considero sagrado, por amor a mim mesma e à humanidade em mim, por amor aos outros, honro cada passo do caminho. Não busco atalhos, e muito menos queimar etapas, porque sei no mais recôndito canto da minha alma que essa opção não devolve crescimento e consciência a ninguém.

E, por muito resumida e espremida que esteja a minha história, pois a nossa Vida não se pode conter em palavras, foi assim que compreendi que estava, e sempre estive, ao serviço da Deusa, ao serviço do próximo, ao serviço da abertura, do desenvolvimento e da expansão da consciência.